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Você quer mais seguidores pra que?
Melina, quantos seguidores vou ganhar?
Sua meta será chegar a quantos seguidores?
Como faço pra chegar aos 10 mil? E aos 100 mil? Um milhão?
Ter muitos seguidores é sempre bom? Não necessariamente. Ter poucos seguidores é ruim? Não necessariamente.
Sinto muito decepcionar com a minha resposta, mas isso importa cada vez menos. E eu tenho argumentos pra provar.
Vou explicar essa diferença porque muita gente tem dúvidas e tem tudo a ver com essa cultura de achar que ter muitos seguidores é sempre uma coisa boa.
Alcance é o número de pessoas que receberam a entrega do seu conteúdo pelas plataformas de mídia social. Se fôssemos fazer uma analogia, seria o número de panfletos entregues na rua. Não dá pra saber quantas chegaram a ver o que estava escrito ou prestado atenção. Ele pode ser orgânico – num percentual bem pequenininho do seu número de seguidores e sempre dentro dessa “bolha” que já te conhece – ou pago, quando a gente patrocina um conteúdo ou faz anúncios na rede social.
Já o engajamento é um número menor do que o do alcance e reflete quantas pessoas fizeram alguma ação com base do que você publicou: seja curtir, comentar, compartilhar, clicar no link, reagir, salvar, abrir pra ler o restante do seu texto… Depende que usuário obrigatoriamente seja impactado pelo seu post. Independentemente do engajamento ser negativo ou positivo, alguma reação existiu.
Aqui tem uma pegadinha: então, Melina, se você está explicando que alcance é quando eu falo para um percentual (mesmo que baixo) dos meus seguidores, quanto mais seguidores eu tiver, maior a minha chance de chegar a mais gente? A resposta é a mesma: não necessariamente.
Claro que todo mundo gosta de ver seus números subindo. Falar, em tese, pra um público maior é um afago pro ego de qualquer um, inclusive pra sua marca. Até aí, nenhum problema. O problema é achar que esse é o número mais importante e procurar atalhos pra aumentá-lo. Seria inclusive mais fácil dar resultados aos nossos clientes se a meta fosse essa, porque há vários meios de conseguir aumentar volume de seguidores (legais e ilegais). Mas a gente acredita em estratégia e não em números vazios, então…
Engajamento é muito, mas muito mais importante.
Por que? Porque é melhor você ter menos seguidores que estão interessados no seu conteúdo, produto ou serviço do que dez vezes mais em pessoas que não estão nem aí para o que você tem a dizer. Como se você fosse fazer uma apresentação, pessoalmente: você preferiria falar pra duas pessoas ouvindo atentamente e fazendo anotações – que podem de fato te contratar ou comprar de você – ou para 100 que não podem e ainda estão mexendo no celular enquanto você fala? A lógica é a mesma.
Seus seguidores formam uma comunidade e você é um motivador de conversa. Mas falar pra menos pessoas pode ser um bom negócio.
Pra entender esse tópico, a gente precisa de um pouco de contexto dos algoritmos de mídias sociais. Em tese, mesmo sendo empresas de mídia, elas entendem que quanto mais específica a comunidade, mais efetiva a comunicação dentro dela e mais conectados os usuários estão dentro de interesses em comum. Por isso, elas privilegiam mesmo a entrega dos posts para as páginas com público menor. No Facebook, uma página com menos de 10 mil seguidores chega a ter 0,67% de taxa de engajamento, se estiver entre 10 mil e 100 mil seguidores cai para 0,33% e com mais de 100 mil fãs, fica em 0,14%. No Instagram, a lógica se repete: 1,06% nas com menos de 10 mil seguidores, cai pela metade quando passa dos 10k – 0,69% e chega a 0,56% nas com mais de 100 mil followers. Os dados são do levantamento Digital 2020, que nós esmiuçamos aqui.
Tem também uma mudança de comportamento que pouco se fala: nós estamos acostumando a ver as publicações de uma página sem necessariamente ir lá e clicar no botão de seguir. Eu, particularmente, não me lembro da última vez que fiz isso. Elas chegam de outras formas: porque alguém nos marcou, porque está impulsionada e nosso interesse está ali, porque seguimos uma hashtag.
Tanto que o crescimento médio de uma página no Instagram em número de seguidores é de apenas 1,4%. Por que a sua teria metas inatingíveis?
Você certamente já ouviu falar em influenciadores. Eles ganham dinheiro vendendo para marcas a abertura de conversa que eles criaram com um público específico. Quando essa cultura começou, e muita gente ainda acha isso, o primeiro número que se olhava pra decidir contratar um influenciador era o número de seguidores. Quanto maior, mais influente. Só que nos últimos anos, os números mostram que não é bem assim. Uma reportagem da Revista Exame mostrou que no segmento de beleza, influencers com uma base menor de seguidores têm resultados muito mais altos do que as com bases maiores. Karen Bachini não é a criadora com maior alcance e nem o maior volume de seguidores, mas tem um engajamento cinco vezes maior do que as demais. Por isso, ela chega a cobrar R$ 36 mil por um publipost.
Isso falando de alcance orgânico, que sim, amigos, já morreu.
Não vale a pena o esforço em qualidade de conteúdo, posts bem legais, design interessante, informação útil se formos confiar em uma entrega que não chega a 1% da sua base de seguidores. Afinal, a gente hoje chama Facebook, Instagram, LinkedIn de mídia social e não mais de rede social por uma questão simples: elas são empresas privadas que querem sim o seu dinheirinho. Não é publicidade sempre, mas precisa ter uma verba para que você chegue a quem não te conhece e consiga escolher com quem falar. Mas o que isso tem a ver com a importância do número de seguidores? Tudo!
Vamos pegar um exemplo prático: se você tiver R$ 50 para patrocinar um conteúdo. Com uma página de 100 mil seguidores, teu resultado vai ser X. Com uma página de 100 seguidores, teu resultado vai ser… o mesmo X! Quando a gente patrocina um conteúdo, o que faz diferença é a qualidade desse conteúdo, a relevância, o formato, a segmentação criada e só. O número de seguidores não tem impacto no resultado.
Então, pra que você quer ter um monte de seguidores mesmo? Pra ficar brigando pra talvez-quem-sabe atingir de forma orgânica 1% da sua base ou pra impulsionar e isso não fazer diferença?
Seguidor é bom e todo mundo gosta. Mas fuja, como diabo da cruz, das seguintes soluções-atalho: grupos de engajamento (que mascaram todos os seus dados e não levam a nenhum lugar), sorteios (que trazem gente que não é teu público só interessada no prêmio e sujam a sua base), compra de seguidores (alooooou, pra que?) e ainda do impulso tentador de sair convidando todo mundo do seu Facebook pessoal pra curtir a sua página sem fazer um filtro de quem pode se interessar de verdade pelo que você vai publicar lá. Do que adianta convidar sua tia que odeia cachorro pra curtir sua página de pet shop? Ou seus amigos que moram no exterior a acompanharem sua página que só faz entregas em Curitiba?
Uma estatística empírica-sem-base-científica me diz que 9 em cada 10 pessoas que já me pediram pra achar formas de ter mais seguidores acham que não tem importância responder as interações, deixam as dúvidas sem resposta ou nem olham as avaliações que já receberam. E isso é muito, mas muito, contraditório. Não sou eu quem está falando: um dos maiores nomes da área digital no mundo, o Gary Vee, sempre conta que quando começou no Twitter com sua loja on-line de vinhos, passava todas as madrugadas pós expediente respondendo um a um todos os seguidores que tinham interagido com ele. Hoje, ele tem 2 milhões de seguidores no Twitter e 8 milhões no Instagram (o que torna inviável responder todo mundo), mas ele segue defendendo a mesma coisa e dando valor às interações por amostragem.
Não adianta querer muitos seguidores se a sua empresa ou você mesmo não estiver preparado pra isso. Não adianta querer muitos seguidores pra bonito. Toda vez que começo a responder esse tema a um cliente novo ou um amigo pedindo conselho, a pergunta que eu devolvo é a mesma: você quer mais seguidores pra que?
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