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17 de julho de 2020

Três crises digitais: já pode pedir música?

Eu já tô aqui pensando na música que vou pedir pro Fantástico. Ok, não foram três gols. Mas foram três crises digitais que mexeram muito com a minha vida.

Por Cíntia Capri

Eu já tô aqui pensando na música que vou pedir pro Fantástico. Ok, não foram três gols. Mas foram três crises digitais que mexeram muito com a minha vida. Por sorte, em duas delas (as mais recentes) eu tive apoio de gente especializada em gestão de crise nas redes sociais. No caso, a Melina. Você vai ouvir falar muito dela nesse texto. Vamos aos relatos.

1- Acusação de machismo, logo eu

Acreditem. Eu, mulher, feminista desde que – aos 10 anos – ouvi do meu próprio pai que “o melhor marido é um bom emprego”, tive minha empresa acusada de machismo numa rede social. Era de madrugada quando vi o primeiro post de acusação e imediatamente entrei em contato com a pessoa que se sentiu ofendida para saber o que tinha acontecido. Por coincidência, era uma cliente conhecida minha e que conhecia também a minha bandeira.  Ela me relatou, conversamos e ela afirmou que fez o post num momento de raiva e que tiraria do ar porque entendeu que a empresa não tinha sido responsável pelo incidente. Agradeceu o apoio e fim.

Fim? Não. Na manhã seguinte, para minha surpresa, o post dela tinha evoluído para um grupo de feministas da cidade, do qual eu também faço parte. Dezenas de mulheres que sequer conheciam a empresa faziam ataques cruéis. De outro lado, no mesmo grupo algumas outras defendiam a empresa porque sabiam que o respeito à mulher era um dos valores mais sólidos de lá. Eu não conseguia acreditar naquilo. Por orientação da Melina (aqui da Voa), não respondi aos ataques, fizemos um posicionamento oficial em nossa página e deixei que a defesa surgisse de forma natural por parte de quem conhecia e confiava no trabalho que a gente desenvolvia na empresa. Até aí ok. A curva de ataques foi descendo até morrer. Em uma semana, a crise estava resolvida. Na internet. No meu emocional, foi devastadora. Mas essa parte eu resolvi com terapia. O que a segunda crise (sim essa foi a segunda) me ensinou foi: 

  • Interaja com os comentários até um certo ponto. Tem horas que as pessoas não querem mais conversar e os ataques são gratuitos
  • Não bata boca nas redes sociais
  • As crises acabam
  • Peça ajuda a quem entende do assunto, seja essa pessoa um bom social media ou um terapeuta (no caso de entrar em depressão por causa da crise na internet)
    Três crises digitais 1

2 – Sou branca, não posso defender o antirracismo

Soa estranho isso pra você? Pois é, hoje a luta antirracista ganhou o mundo. Negros e brancos se unem pra pôr fim a esse absurdo que é o racismo, mas em 2019 (logo ali atrás) eu fui novamente atacada nas redes sociais por lutar contra o racismo estrutural escancarado numa gôndola de supermercado.

Três crises digitais 2

Esse foi o meu post que teve sei lá quantos mil compartilhamentos. Mas teve também o mesmo tanto de comentários agressivos.

Três crises digitais 3

Eu quase estava surtando novamente com tanto auê. E lá veio a Melina de novo me ensinar umas coisinhas:

  • desative as notificações do post
  • pare de ler os comentários
  • é sua bandeira? Siga sua vida com ela e absorva o que for bom.

E sabe que foi bom sim. Teve uma repercussão grande, as pessoas trouxeram pra roda esse tal racismo estrutural e dessa vez eu saí bem menos machucada com os ataques.

3 – Assédio no YouTube 

Por último e não menos importante, porque aliás acho que foi a crise mais devastadora que eu passei. Não espero que seja a última porque essa foi a primeira, na verdade. O ano era 2013. Eu trabalhava como apresentadora de telejornal diário. Já fazia uns 15 anos que trabalhava com telejornalismo e tinha minha imagem exposta na TV. Um dia, despretensiosamente, fiz uma busca com o meu nome no Google.

Três crises digitais 4

Pra minha surpresa, havia uma série de vídeos no YouTube com o meu nome. Com minha imagem também! Evidentemente, nos vídeos eu aparecia falando sobre uma notícia, chamando um repórter ao vivo na externa ou entrevistando alguém no estúdio. Por que isso me incomodaria? Você deve estar se perguntando. E eu vou te contar.

O homem que fez esse clipping com as minhas aparições na TV tinha um jeito muito peculiar de descrever os vídeos. Eram títulos e textos pornográficos seguidos de comentários mais constrangedores ainda. Eu paralisei. Senti nojo. E acredite, me senti culpada. Porque é isso que acontece com quem é vítima de assédio sexual. Me senti culpada por usar as roupas que usava, por talvez me movimentar de algum jeito que não deveria. Senti vergonha do meu corpo. E isso tudo foi um dos fatores que me levaram a não querer mais trabalhar em TV. Eu guardei isso por alguns anos. Escondi essa crise inclusive de mim mesma. 

Tá, mas o que eu fiz na prática pra resolver o problema na época? Denunciei as publicações ao YouTube e nunca mais dei um Google no meu nome. Rezei pra que ninguém o fizesse também. 

Claro que antes de decidir escrever sobre as minhas crises na internet, eu dei uma googada e os vídeos não existem mais. O assediador ainda está lá fazendo o mesmo com outras jornalistas de TV e espero que isso não as afete como afetou a mim.

Recentemente, contei sobre essa crise pra Melina e ela me ensinou mais uma:       

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